terça-feira, 27 de setembro de 2011

Aprendendo francês


Sem dúvida , como já disse no primeiro post, a maior dificuldade em todas essas mudanças vai ser aprender uma língua nova. Língua essa que eu nunca tive contato nenhum, nem curiosidade na verdade. Fora o tempo de aprendizado bem reduzido, já que fui adiando devido a todo o transtorno que a monografia e o fim da faculdade traz.
O francês tem toda uma sonoridade e biquinhos que faz com que seja uma língua de certa forma requintada , cheia de regras de etiqueta, onde só se usa a segunda pessoa do singular (tu) em casos de grande intimidade, melhor tratar por "Vous" pra que não se sintam invadidos. E o fato dele ser de origem latina , assim como o português, com todo seu pretérito do presente ou futuro-mais-que-perfeito, essa complicação junto com seus verbos auxiliares completamente irregulares. Absorver vocabulário de uma língua nunca antes escutada, quando escutada completamente ignorada é um tanto complicado mesmo.
Mas não estou desanimada junto as dificuldades, só não tenho dúvidas de que tudo que tentarei aprender antes de ir vai servir pra eu chegar lá e saber que, como diria o grade filósofo Sócrates, "Só sei que nada sei". Pelo menos as lições são realmente direcionadas a sobrevivência, como ir a padaria, queijaria, doceria , restaurante , supermercado, metrô, comprar roupas, calçados e assim vai. Com certeza a teoria vai ser completamente diferente da pratica, mas tomara que ajude. Só faltam 6 aulas pra acabar e sabendo que eu precisaria de mais uns 2 anos pra tentar falar pelo menos "não muito mal", não que o professor seja ruim, pelo contrário, ele é ótimo e além de passar o aprendizado da língua, também divide um pouco da sua experiencia por terras francesas, o que une a teoria a pratica. Mas 32 horas não são suficiente , nem pro mais superdotado, aprender realmente uma língua  tão complexa e cheia de peculiaridades. E eu? com minha reles inteligência medíocre ( de mediana mesmo ) tentando absorver o máximo possível, só que as vezes bate uma sensação de frustração, mas felizmente passa e sei que serei ousada o suficiente pra colocar o que eu aprendi ou deixei de aprender em prática. E começarei do começo da maioria dos livros de francês: "Je voudrais un croissant, s'il vous plaît"


                                                                  

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Bureaucratie

"Vou Estudar na França"

Não pensava que uma frase tão simples fosse demorar tanto tempo pra ser dita...

Hoje faz um ano que eu decidi me inscrever para uma bolsa de doutorado no exterior pela CAPES, depois de enviar mais documentos do que eu sabia que tinha, conseguir cartas de recomendação e (felizmente isso eu já tinha) um orientador, pensava que a complicação tinha acabado. Engano meu, em Abril recebi um aviso de que meu pedido tinha sido aprovado (na primeira etapa do processo) e que eu precisava mandar vários outros documentos e comparecer a Brasília para uma entrevista. Muito a contragosto, fui à Brasília passar uma semana (mais uma vez dei sorte, um amigo tinha se mudado para lá e não precisei gastar com hotel) porque a CAPES só informou que minha entrevista seria em algum momento entre as 8h da terça e as 18h da quinta (o horário específico só foi informado na terça de manhã). Entrevista tranquila, acho que só serve para fazer alguns desistirem (ir à Brasília sai caro para quem mora no Nordeste, e eu estou pedindo a bolsa porque não tenho dinheiro). Mais uns meses de espera e finalmente em Junho soube que fui aprovado. Agora é esperar chegar a carta de concessão chegar para dar entrada no visto, mais um mês de espera e... a carta de concessão veio com o nome errado, mais 20 dias de espera e estamos em Agosto. Agora eu tenho 2 meses para conseguir o visto, porque se não estiver na França até o fim de Novembro minha bolsa será cancelada (porque ela faz parte do orçamento de 2011). Ah, faltam mais uns 5 documentos para enviar à CAPES (incluindo uma carta da universidade francesa, que precisei pedir 3 vezes, atrapalhando as férias da minha orientadora, porque cada vez havia algo errado.)

A burocracia brasileira é ruim, e a Bureaucratie não fica atrás. Nesta reta final, com mais contato com a França, descobri que eles gostam mesmo dessa coisa, tanto quanto a gente (a grande vantagem é que os funcionários são mais eficientes e prestativos, pelo menos os que eu tive contato). Agora falta 1 mês para a viagem, mas ela ainda não tem data, porque oficialmente eu ainda não tenho bolsa (tenho que voltar mais uma vez em Brasília para tirar o visto).

Vi um dia desses um pronunciamento da nossa presidente afirmando que o país tá uma maravilha, principalmente a educação. Dizia também que estava incentivando a ida de brasileiros para estudar no exterior...

Só consegui pensar que estou indo para a França porque não fui chamado no concurso para professor efetivo que passei, e que a CAPES foi bem clara quando disse que a ordem do governo era reduzir o número de bolsas. Esperar o que de um país que faz uma propaganda sobre o ensino superior e não consegue acertar o plural de campus (campi)?

Sei que depois de esperar um ano, gastar quase 2 mil reais e quase desistir várias vezes por causa do stress desse processo, eu ainda não posso dizer:
"Vou Estudar na França"

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Saudade

"Porque metade de mim é partida. Mas a outra metade é saudade."
Metade - Oswaldo Montenegro


E de uma hora pra outra as coisas começam a caminhar, visto marcado, papelada  resolvida (ou quase) claro que essa greve do correio não ajudou muito, ainda falta achar onde morar e comprar um monte de coisa, pequenas e grandes.
No meio da ansiedade, alegria e medo, um sentimento começa a se destacar entre os outros : A Saudade.
Fui atrás da tradução desse sentimento no francês, sei que essa palavra é só nossa e não existe tradução em nenhuma língua. O google me sugeriu "nostalgie" , já o dicionário me deu "vague à l´âme " que equivale a "onda na alma" ou "melancolia", óbvio que nada disso descreve, pode ser isso tudo junto e muitas outras coisas.
Não sei se a ideia de aproveitar as coisas como se fosse a última me parece uma boa coisa, pensar que pode ser a última não nos deixa aproveitar da melhor forma e sim de uma forma um tanto melancólica (vague à l´âme). Ai que drama ... só são 3 anos!. Mas tenho certeza que nessa fase que estou perderei algumas coisas, como casamentos, nascimentos e não estarei presente em algumas reuniões de amigos,  no aniversário de 98 anos da minha vó,  quando meus irmãos precisarem de colo, ver meus pequenos crescerem e ai vai...
Mas repetindo  "são só 3 anos" e sei que nesse tempo vou ter um monte de coisa pra conhecer, aprender e me melhorar. E fora isso ainda estou aqui, falta um pouco mais de 1 mês "ainda" e ainda terei várias coisas pra ter saudade. Falar de saudade agora parece um pouco precipitado, mas foi o sentimento de predominância dessa semana. Sentir saudade do que ainda não aconteceu parece um pouco incoerente, mas é isso que estou sentindo.
E dá uma vontade de levar meus amigos e família querida na mala!

sábado, 10 de setembro de 2011

Primeiros passos

Como tinha prometido pra alguns amigos meus, esse blog terá o intuito de dividir novidades e dificuldades dessa minha nova jornada. (Certo que não é nenhuma ideia inovadora, tem milhões de blogs desse tipo). Daqui a 2 meses estarei morando na França, em Evry pra ser mais exata. Meu "marido" (entre aspas pq ainda não me acostumei com a ideia) passou no doutorado e eu aceitei o desafio de iniciarmos nossa vida a dois por lá. Tivemos que fazer a união as pressas para que isso fosse possível, já que os planos era nos casarmos ano que vem.
O título do blog já diz tudo "Eu não sei falar francês" e sem dúvida essa será minha maior dificuldade, tô aprendendo o máximo que posso antes de ir, sites, músicas e tudo que tiver em francês. Além de poucas horas com um professor, na primeira aula ele perguntou qual era o nosso objetivo e sem pensar respondi : "sobreviver".

Mesmo faltando tão pouco tempo falta uma infinidade de coisas pra resolver:
- Achar onde morar (essa tá dando muito trabalho)
-Tirar o visto (Antes disso ainda tem toda uma papelada envolvendo Capes, Campus France e a faculdade de lá)
-Traduzir documentos (pra ajudar Aracaju não tem tradutor juramentado, e pra fazer em Recife ou Salvador tenho que mandar as originais pelo correio, no meu ver é arriscado demais. Pra que inventaram as cópias autenticadas?)
-Compras (mala, roupas e tudo que você precisa quando vai se mudar e só pode levar 33 kg)
-Casacos (Já que chegarei lá na pior fase do inverno e inverno pra mim é 20 graus).

Então, espero que tudo dê certo e dê tempo!