Na minha viagem à Lille esse mês, para comemorar o aniversário da minha amiga, fomos a uma festa brasileira. No início teve um documentário sobre Lampião e em seguida uma apresentação de uma banda de choro e algumas apresentações de dança. Diria que menos de um terço das pessoas presentes eram brasileiras, mas a grande maioria eram pessoas admiradoras do Brasil, não sei se por ser exótico ou por realmente conhecer e gostar da nossa cultura.
|
Banda "Choro Braseiro" |
Sempre recebo um sorriso quando digo que sou brasileira, e depois vem uma frase relativa a algum cantor, as cidades que a pessoa conhece ou gostaria de conhecer no Brasil, ou qualquer referência ao futebol. E essa festa parecia ilustrar bem tudo isso.
O documentário, feito por franceses, sobre Lampião foi bem interessante, mesmo sendo bastante amador e pra quem não falava português as legendas não conseguiam traduzir realmente o que aquelas pessoas simples com linguagem extremamente regional diziam. Em seguida, a banda " Choro braseiro" foi ótima , mostrando o que nossa boa música tem pra oferecer, a banda é composta por três brasileiros e dois franceses, cantando músicas que nunca envelhecem. Uma delícia escutar a Aquarela do Brasil, flor de lis entre outras tantas que sempre me emocionam.
|
|
Em seguida começaram algumas apresentações de dança, frevo , forró, axé e tudo mais. E nessa hora comecei a ficar incomodada, talvez por achar tudo muito caricato. Ao assistir a apresentação de uma dançarina , ao som da música de Daniela Mercury que diz " a cor dessa cidade sou eu..." , que requebrava até o chão e passava a música toda parecendo dançar "na boquinha da garrafa". Aquilo não me agradou, mas pareceu agradar as outras pessoas, escutei de outro brasileiro que aquilo parecia show de calouros.
Parei pra pensar porque aquilo tinha me incomodado tanto, talvez por querer que só as coisas que eu acho que vale a pena seja vista por lado de fora, pelo mesmo motivo que me incomodo que Michel Teló e Gustavo Lima façam tanto sucesso por aqui. E me dei conta que aquilo também fazia parte da nossa cultura, e mesmo sem gostar as outras pessoas gostam. Representar uma cultura tão grande como a nossa, sem ser caricato e pontual é impossível. Ver brasileiros fazendo música boa no exterior me alegra, saber que além de Michel Teló eles conhecem Chico Buarque, Lenine e outros tantos me deixa muito feliz.
E assim quando me perguntam "Como os franceses são?" nunca consigo responder, pois são pessoas muito diferentes umas das outras, fazem, gostam e se comportam de maneiras diferentes, que escutam de hip hop a jazz. Imagine quando falamos de um País do tamanho do Brasil, país que tem o tamanho de quinze Franças. O Brasil é tudo isso mesmo e muito mais.