terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Visão cinematográfica

Umas das coisas que sempre me deixa encantada por Paris é poder estar constantemente em cenários de filme. Da primeira vez que estive em Paris senti uma emoção por me ver no cenário de um filme que eu tinha visto recentemente, o "meia noite em Paris". Nunca saberei explicar como é essa sensação, é como se uma coisa que era tão distante anteriormente, agora se encontra diante dos seus olhos.
 Me deparei novamente com essa sensação. Chegando o Oscar, me dei conta que tinha assistido só  dois dos filmes indicados. E tive uma agradável noite assistindo três dos indicados: Hugo Cabret, O Artista e Dama de Ferro. Gosto de fazer isso pra ter minha opinião e acompanhar a premiação com alguma torcida. E esse ano, diferentes dos outros concordei com grande parte dos prêmios (menos o de melhor música original) mas não é sobre isso que pretendia falar por aqui, minha capacidade de mudar de assunto sempre faz eu discorrer e passear por assuntos diversos.

 Depois do trem atrasar e nosso planejamento de passeio dominical não ter dado certo, resolvemos fazer o que melhor se faz em Paris: Flanar (no dicionário: v.i Passear ociosamente, sem objetivo ou direção certa: saiu sem rumo, flanando.)e quando percebemos estávamos em frente ao Cemitério do Montparnasse, entramos e durante a caminhada me dei conta que aquele cenário fazia do filme que tinha assistido no dia anterior, Hugo Cabret, e aquela sensação gostosa e observar Paris pelos olhos cinematográficos e depois com meus próprios olhos voltaram.
Infelizmente a estação onde o pequeno Hugo mora,  mesmo existindo, não se encontra do mesmo jeito. Ao invés daquele cenário antigo, hoje existe uma grande estação toda de vidro, que ao meus olhos , mesmo sendo muito bonita , não combina com a Paris que eu gosto de enxergar. Uma Paris de certo modo intocável pelo tempo.














Mesmo sendo só coadjuvante, ela sempre dá um toque especial nos filmes. Acho que ela merecesse um Oscar de melhor coadjuvante, pois muitas vezes chama mais atenção que o foco principal do filme. Mas é uma delícia poder perambular por esses sets cinematográficos. Toda Paris parece um grande cenário e é uma honra uma parte da história da minha vida estar sendo rodada em um cenário tão encantador, mas estou falando da belíssima sétima arte. 




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Carnaval de Paris

Buscando comemorações carnavalescas nas proximidades, descobrimos um desfile tradicional em Paris. Os parisienses, e até mesmo moradores brasileiros, não tinham conhecimento da comemoração, e preferimos ir lá conferir de perto.


Não queríamos comparar o carnaval daqui com o carnaval brasileiro, pois no Brasil o carnaval é coisa "séria" e não uma grande brincadeira como deveria ser. Mas, quando se fala de carnaval, inevitavelmente, o brasileiro é a grande referência, e essa foi minha primeira impressão do desfile de carnaval francês.  Com direito a fantasias e desfiles tradicionais de alguns países, grande parte dos grupos fazia a festa ao som de ritmos brasileiros. Grupos de percussão tocando ritmos bem íntimos aos meus ouvidos, como samba, maracatu e até um pouco de funk carioca.

 



Até mesmo a propaganda do Carnaval deixava bem claro que ele era inspirado nos blocos de rua do Rio de Janeiro (que, por sua vez, são inspirados no carnaval de rua de Paris, que já acontecia desde a idade média). Dando uma pesquisada, descobri que a "passeata do boi gordo" é muito antiga e foi aqui que lançaram pela primeira vez Confetes e Serpentinas (que foram proibidos depois da Primeira Grande Guerra, por questões de economia).

É impressionante ver como, invariavelmente, a história do mundo, de um jeito ou de outro, passa por aqui. E como essa troca de cultura é positiva, uma festa que foi absorvida cultivada e com tanto amor pelos brasileiros e que agora os franceses se esforçam para trazer de volta. Aqui o carnaval é uma coisa nova, que voltou às ruas só em 2002, e que, como no Brasil, encanta os que vêem a folia passar. O bloco passar por diversos "bairros" da cidade, incluindo regiões de forte cultura estrangeira (como Beleville, tomado por asiáticos), e todos parecem gostar do ritmo hipnótico dos tambores, da força e da energia que emana deles.


Eles ainda têm muito o que aprender, os carros de som, por exemplo, têm uma qualidade sofrível. Mas acho que estão no caminho certo, talvez até mais certo que os brasileiros, porque aqui o carnaval é uma festa, e nada mais.

 

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Fromagerie, Boulangerie, Boucherie ...



Uma cultura está nos pequenos hábitos. A grande comodidade de encontrar tudo nos grandes supermercados não é uma cultura francesa. Mesmo tendo grandes redes de supermercados como o Carrefour ou Franprix. A graça está em comprar as coisas em lugares que são especializado no que se procura, comprar queijo na padaria, pão na padaria, carne no açougue entre outras coisas. 
Fui começando a adquirir esses hábitos. Entrar numa queijaria e ter centenas de queijos a sua escolha e poder tirar dúvidas com o queijeiro qual o melhor pra cada ocasião,  do que é feito cada queijo e quais ele sugere que eu experimente. Uma das queijarias que eu frequento a dona é portuguesa e sempre demonstra alegria em conversar em português e quando eu prefiro me arriscar no francês ela me dá uma aula de francês. Minha lista de queijos experimentados sempre cresce e difícil é não gostar da maioria, Claro que tenho minhas preferências, prefiro os queijos mais duros ou com gosto mais forte (o Conté é o preferido do momento), mas não deixo de gostar de todos os outros que vez outra descubro (como o queijo de cabra com pimenta). Não teria experimentado tantos se ainda me limita-se a não comprá-los nas Fromagerie. 
Todo esse clima mais intimo que se encontra tanto na padaria (boulangerie), na feira e em outros lugares que fazem o que sabem e vivem pra fazê-lo, diferente da impessoalidade do supermercado. 
Como minha cidade é pequena a feira só acontece duas vezes por semana (na terça e na sexta),  e sempre acho agradável fazer minhas compras e sempre perguntando o nome das frutas ou verduras que eu desconheço em francês e assim ganho algumas das minhas manhãs. 
Gosto muito disso, ainda tenho que me aventurar pelo açougue e peixaria, mas antes pretendo desenvolver meus dotes culinários. Esses eu ainda permaneço comprando no supermercado, mas por pouco tempo.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Santé

Após uma busca das coisas que eu poderia fazer pra ocupara meu horário livre , finalmente encontrei um esporte. Achar esporte não é algo complicado, pelo contrário, as opções são inúmeras que vão de várias lutas,     mergulho, vela, badminton (peteca), e todos os outros mais ou menos comuns. Mas minha escolha foi pelo Boxe Francês. Como antes de viajar estava praticando kickboxing e de todos inúmeros esportes que eu já fiz, foi o que eu realmente tinha gostado, procurei algum semelhante. Mesmo gostando de caminhadas e pedaladas, esportes ao ar livre estava fora de cogitação. Pois fazendo -4 °C é impossível passar mais tempo do que o realmente necessário em lugares abertos.
Para iniciar os treinos o certificado médico é obrigatório. E assim começou minha primeira experiência médica, o consultório médico sempre foi um lugar onde passava parte do meu dia pelo menos uma vez por mês. Na verdade, na sala de espera.
Ao ligar para o médico fui informada que podia ser atendida no mesmo dia ou dois dias depois. Algo bem estranho pois o último médico que eu fui, tive que marcar com dois meses de antecedência. Cheguei e na hora marcada fui chamada (nem preciso dizer quanto isso também foi estranho pra mim). Exames de rotina, pressão normal e lá estava eu com meu certificado médico em menos de 15 minutos. Paguei, outro motivo de estranhamento,  a consulta é paga diretamente pro médico e ele te dá um recibo pra pedir reembolso pra companhia de seguro, o dinheiro da consulta é reembolsado direto na sua conta bancária.Tudo muito simples e rápido e agora com minha autorização médica em mãos vamos aos treinos...

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Neige

Um domingo como os outros... Acordo, abro a janela e lá está ela: tão esperada, tão branquinha e deixando a paisagem completamente linda.  Não consigo descrever bem a sensação, já que esperei tanto por ela e ela me chega tão de surpresa e deixa o dia mais bonito. 
Há quem diga que depois que se acostuma, ela se torna muito incomoda. Mas num domingo, ela pode não incomodar tanto. Talvez tenha atrapalhado minha ida ao museu ou Versailles, até então minha programação de domingo. Mas a sensação de novidade que me faz sorrir e os olhos se marejarem um pouco voltou, a alegria de se divertir com as novas experiencias que começava a se perder um pouco com a rotina.
Após ser recebida com o inverno mais  quente dos últimos tempos, na última semana o tempo resolveu mudar radicalmente e trazer o inverno mais frio dos últimos seis anos. Quando a temperatura baixa de zero, começa a perceber a necessidade dos acessórios de frio, como ainda não tinha me acostumado ao uso da luva, muito menos do gorro sofri algumas consequências que nunca poderia imaginar: queimadura de orelha. Nem passando 5 dias seguidos na praia sem protetor solar isso tinha me acontecido, mas só foi passar meia hora num frio de -5 graus e olha lá minha orelha super vermelha e ardendo como qualquer queimadura. As mãos expostas  também trazem grande incomodo, então começo a usar os acessórios que até então estavam guardados.
Mas o frio é bem vindo, ainda mais quando me traz um presente como esse de hoje. E a programação de hoje é ficar em casa admirando a neve pela janela, não podia pensar numa programação melhor...