quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Um mês


Mal as coisas começaram a se acertar e já se passou um mês que chegamos. Os montes de coisas pra resolver não acabaram. Mas os nós estão se desatando com menos dificuldade. Com um mês já dá pra entender como as coisas funcionam, até porque as coisas não diferenciam muito do Brasil. Seja uma ligação de luz que precise de mais de vinte telefonemas pra que no final sempre falte mais uma pra terminar de resolver tudo, ou a ligação de gás que ele confirmam estar ligado e por não estar querem cobrar uma visita de urgência.
Nesse mês conheci vários franceses, bolivianos, peruanos, tunisianos, indianos, suíços e brasileiros. Gosto muito dessa multinacionalidade parece que o mundo fica um pouco menorzinho. A fama do francês mal-humorado foi deixada de lado, talvez eu tenha dado sorte, mas só os franceses gente boa cruzaram meu caminho até agora. Talvez melhor do que saber a língua, um bom sorriso para facilitar muitas coisas.
E quanto a frio, achei que realmente seria pior (talvez piore), mas o 0 °C não é tão assustador quanto imaginei.  Como os lugares são feitos pra aguentar o frio, com vidros duplos, carpetes entre outras coisas e os aquecedores costumam estar sempre ligados o frio não chega a se tornar insuportável. Até mesmo na rua se protegendo devidamente (claro!) o frio é completamente suportável sendo muitas vezes até agradável, posso dizer agora com conhecimento de causa que prefiro o frio ao calor, pelo menos o frio  sempre tem solução. 
Sabe aquela história que comida francesa é comida pouca? é o maior absurdo dos mitos sobre a França. Um verdadeiro jantar francês pode durar horas de pura comilança, já que ele é dividido em várias partes: Tira-gosto, entrada, prato principal, prato de queijos, sobremesa e, finalmente, o cafezinho. Isso sempre acompanhado de pães na maioria das etapas. 
As comidas me surpreenderam muito. Todos os derivados de leite são impressionantemente saborosos, vou precisar de todo o tempo pra experimentar todos os queijos que a França tem pra me oferecer, e vou aproveitar esse tempo pra isso também. O pão também é bem diferenciado, eles realmente sabem fazer pão e comê-lo também, as pessoas costumam comer baguetes inteiras andando pela rua, e ele faz parte da grande maioria das refeições e sempre finalizando a limpadinha no prato. As bebidas também ganham destaque. Sidra (cidre), champagne, vinho sempre estão presentes quase que diariamente. Ainda não posso falar do que gosto realmente, ainda não bebi nada que eu não gostasse. E posso incluir as cervejas nessa lista, mesmo não sendo bons produtores, são bons importadores. 
Enfim, são inúmeras pequenas descobertas que vão acontecendo diariamente. E devagar vamos sendo tomados por novos hábitos. Um deles que me chamou atenção e o de tirar os sapatos e entrar de meia nas casas, achava que isso era dos orientais, mas é um tanto comum por aqui.
E assim o aprendizado continua...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Lille

Nada melhor que visitar uma amiga. Ainda mais quando essa amiga é de infância e já passou por tudo que você está passando recentemente. Assim que me mudei pra Orsay, recebi uma mensagem dela me chamando pra vim pra Lille, pois no fim de semana ia ser o aniversário do marido dela entre outras coisas.
A falta de internet, telefone, tv e aquecedor fez com que essa proposta parecesse irrecusável. Jânio me incentivou já que passaria muito tempo em casa sozinha. Felizmente, a questão do aquecedor foi resolvida antes de eu viajar,e todo o resto foi providenciado depois.
O fim de semana foi bem legal , cheio de reuniões, de amigos e de famílias e é até bom está imersa na língua francesa, com uma tradutora do lado sempre que necessário. Intenso aprendizado de hábitos, comidas, curiosidades francesas e até sobre a comida brasileira. Aprendi a fazer moqueca de camarão e pão de queijo, além de coisas que eu olhava no supermercado e não sabia o que era e agora farão parte das minhas compras.
Sei que foi um bom momento pra vim, não imaginava que essa semana que antecede o Natal fosse me deixar tão sensível e a saudade mais intensa. E estar num ambiente mais familiar deixa as coisas mais fáceis. Fora que a cidade é linda, com um pessoal muito simpático e bem pertinho da Bélgica.
Ah! E nada de nevar. Parece que vim pra aquecer a França já que o ano passado nevou desde novembro. Esperando ansiosamente.


                                                                 A bela Lille no Natal.





                                               Cerveja, vinho e  imagem e ação bilingue
                                         
                                                                    Pelas ruas de Lille

domingo, 11 de dezembro de 2011

Mudanças




Desde que me formei, em agosto, estou numa vida meio provisória. Primeiro esperando o dia da viagem, que foi passando de setembro, pra outubro e que ocorreu no final de novembro. E desde que chegamos  estamos num aparthotel em Èvry. Não que o apart seja desconfortável ou coisa assim, mas morar num hotel deixa as coisas com clima de temporariedade. O departamento que Jânio está estudando vai mudar de cidade ano que vem e não sabíamos se era melhor procurar um apartamento em Evry ou em Orsay.  Mas assim que aprendemos a nos virar em Évry , começamos a pensar em ficar por aqui e ano que vem nos mudaríamos. Mas, conversando com a orientadora de Jânio foi aconselhado que nos mudássemos logo. Já que os contratos de aluguel são um pouco longos e a viagem de uma cidade pra outra diariamente seria muito cansativa. E, antes da mudança, veria uma forma de Jânio precisar ir menos a universidade.
Achamos uma casa relativamente perto de onde será o departamento, com o preço acessível e depois de algumas indas e vindas a Orsay foi fechado o contrato. Isso tudo foi feito por Jânio, então não tenho idéia de como é a casa ainda.  E nesse meio tempo já encontrei um curso de Francês da Science Accueil por lá. Ainda não tinha encontrado aqui, o curso de baixo custo da Maison de Quartier tinha sido cancelado e o da Science Accueil Èvry ainda não tinha sido confirmado por falta de inscritos. Acabou que a mudança teve mais um ponto positivo.
Amanhã será o dia da mudança, e por isso ficarei fora de área por um tempo, até que a instalação da internet  seja feita na nova casa. Pensar em ficar tanto tempo sem desconectada  causa um grande desconforto, deve ser assim que os viciados devem se sentir. Mas creio que esse período de desintoxicação será bem proveitoso.
E no momento estou no meio de mais uma arrumação pra próxima mudança. Esse ano veio cheio delas :).

Câmbio desligo! 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Brasilidade



Um dos conselhos que eu recebi antes de chegar foi :  de não manter amizade só com brasileiros. Não sei se não ir pra show de artistas brasileiros está incluído nisso tudo.  Ontem fomos para o show de Tulipa Ruiz em Paris. Com alguns contratempos, o fato do show ter sido numa ruazinha quase não localizável no mapa, o que levou quase 1 hora para encontrá-la, e a correria pra sair antes que o último trem saísse,( já que infelizmente não moramos em Paris.) Mas o fato que valeu a pena, não foi um super show em números de pessoas, tinham umas 70 pessoas por lá e sem dúvida com grande parte de brasileiros. Porém, além de eu achar a voz dela fantástica e com músicas bem gostosas de ouvir, todo o ambiente tinha uma atmosfera familiar, pessoas sorridentes, com idioma conhecido e as brincadeiras com a língua francesa no palco.
Não condeno os brasileiros que  não seguem o conselho a risca. Pois é muito mais fácil tentar manter uma relação com pessoas que já se sabe ter algo em comum, nem que seja só a Pátria e a língua. Já que você conhece seus hábitos e não vai se encher de dedos por parecer invasivo demais.
Eu pretendo seguir o conselho, já que ele faz todo sentido pra mim. Na minha concepção é fundamental para a  fase de adaptação, e para provar  todas as experiências que esses três anos podem trazer. Mas confesso que de início não parece fácil. O fato é que eu mal sei como começar  uma amizade, já que a maioria dos meus amigos vêm de longa data. E não dá pra chegar no meio da rua e pergutar: "Ei, vamos ser amigos?". Sei que quando começar a ter uma rotina  por aqui de cursos e esporte ficará bem mais fácil.
Mas quem prefere ficar no: "ei, sou brasileiro também".  Como já aconteceu comigo por aqui. Isso traz um ar de proteção e conforto, do tipo, não sou extraterrestre sozinho.

 Em homenagem ao ótimo show de ontem, vou postar uma parte do show com minha música preferida.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Tem um trocado?


Diferente do Brasil, aqui na França moeda é dinheiro. Não que valha menos lá, mas quantas vezes a gente perde, ignora e, às vezes, até tem raiva quando recebe um troco razoavelmente grande em moedas? Aqui não dá pra viver sem elas: café, refrigerante, almoço, chocolate, absorvente, barbeador e mais um pouco pode ser comprado em máquinas espalhadas pela cidade (que funcionam exclusivamente com moedas). Aqui em Evry-Courcouronnes (a estação de trem perto de onde estou) só é possível comprar bilhetes com cartão de crédito ou moedas. Máquinas de lavar, secar, jogos de sinuca, dardos... tudo isso tem aqui no hotel, à base de moedas, é claro. Mais importante ainda, se você vai bater perna por aí, quase todo banheiro público é pago (adivinha como...).



Além de serem extremamente úteis, não adianta ficar juntando somente as grandes. As máquinas são seletivas, algumas só funcionam com moedas específicas (como a máquina de secar daqui, que só aceita moedas de 20cents ou 1euro), por isso, ter várias opções no bolso é sempre importante. Aqui (até agora) as lojas sempre têm troco, até aquele 1 centavo que a gente normalmente deixa pra lá, o que facilita muito a obtenção das (tão preciosas) moedas.

Mas, mesmo assim, me peguei parado em frente à porta da estação sem poder entrar e o jeito foi parar alguém na rua e perguntar: "moço, tem trocado?"

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Primeiras semanas


Após duas semanas em terras alheias, empolgação amansada e as coisas começam  a se tornar mais parecido com a vida real. Começa a busca por um apartamento, afinal, temos que começar a construir nossa vida e tirar as coisas que ainda continuam dentro das malas. Procurar apartamento não é fácil em nenhum lugar do mundo, são muitas coisas a se preocupar: Localização, conforto, praticidade  e, o mais importante de todos, o preço. Sendo a ansiedade em pessoa e não conseguindo resolver nada sozinha, já que aqui não tenho o domínio da língua, perco assim o poder da comunicação e consequentemente da  negociação. 
As dificuldades são inúmeras, não devido aos hábitos, ou diferenças de costumes. Na verdade pouco observei sobre isso, acho até as coisas um tanto parecidas. No caso, o desconhecimento da língua me traz uma sensação de incapacidade para inúmeras coisas, principalmente por ser uma grande usuária da comunicação verbal, me sinto extremamente limitada. Mas isso era mais do que esperado, no momento a solução é tentar acostumar o ouvido e estudar sozinha. Já que as aulas só começam lá pra fevereiro. Então a adaptação está começando, e o início é sempre mais difícil. Fora a saudade que insiste em ficar.

Mas pra deixar as coisas mais descontraídas, vou publicar uma poesia que recebi de um querido amigo e me fez chorar (de rir), não precisa saber francês pra entendê-la (ou talvez precise ter uma noção) se chama "Je ma pele e tu savá?"

Je ma pele e tu savá? 

hummm... Je ma pele... 
je ma pele is trê lisa... 
je ma pele is trê noire... 
ma pele is trê joli avec mua! 

e tu? savá come tuta pele está?


                                                MOLINA, Lucas (dezembro, 2011)
        (Pra saber mais sobre o autor clique aqui)



sábado, 26 de novembro de 2011

"Paris, Eu te amo"

Paris. Mesmo depois de assistir vários filmes e ler alguns livros nesse cenário, nada é igual a sentir Paris. Alguns filmes como "Le fabuleux destin d'Amélie Poulain" e  "Meia-noite em Paris" que já estavam entre meus filmes prediletos, fizeram muito mais sentido pra mim.  
Para explorar inicialmente essa cidade mágica, seguimos os conselhos de um casal de amigos (os principais responsáveis por essa nossa mudança para França). Um dos conselhos foi: Descer numa estação e sair caminhando sem rumo. Fizemos isso , descemos na estação "chatelet - les halles" e saímos caminhando em várias ruazinhas, chegamos no Museu do Louvre  e seguimos para o Jardim tuileries, Champs-Élysées, Arco do triunfo e como bons turistas a torre Eiffel. Foram mais de 6 horas de caminhadas muito divertidas, sem filas e explorando várias ruazinhas e lugares que fazem de paris uma cidade deslumbrante e que se torna muito mais encantadora quando se conhece além dos monumentos (que são incríveis!!!) e observa as pequenas singularidades. Não adianta descrever, só estando em Paris. Esse passeio foi só a exploração inicial, claro que voltarei outras muitas vezes pra conhecer seus museus  aos poucos, seus parques e também enfrentar as filas  para ver a torre la do alto e todas as inúmeras atrações que uma das cidades mais belas do mundo tem para me oferecer. Pretendo fazer isso com uma câmera melhor , dessa vez nossa visita foi registrada apenas com as câmeras dos celulares (que não são lá grande coisa). Nosso passeio durou das 11 da manhã às 7 da noite (a noite Paris é ainda mais linda, é possível?!), com pequenas paradas, todas essas horas de caminhada me deixaram com as pernas quase inutilizáveis (graças a todo sedentarismo) e sei que amanhã continuarei sentindo as consequências, mas sem dúvida valeu muito a pena, e vou querer muito mais.
                                             
                                     

                                         
                                           
















terça-feira, 22 de novembro de 2011

l'arrivée

Chegamos à França! Depois de me despedir da minha querida família (Pais, irmãos, tias, primos, sogros e cunhada) e amigos no aeroporto, entrei no avião com os olhos super inchados das lágrimas e o coração bem apertadinho. E lá fomos nós pro primeiro voo Aracaju-Salvador, saímos de Aracaju às 14:50 e chegamos em Salvador 16:20 , tudo isso só por causa do horário de verão. Depois uma longa espera no aeroporto de SSA, comemos acarajé (o que foi muito contra-indicado por todos), pão de queijo (sei lá quando vou comer de novo) e assistimos dez episódios de the big bang theory no computador. Embarcamos quase 1 da manha, a viagem de 8 horas foi até bem rápida , já que consegui dormir umas  horas e o que faltou assisti um filme, já Jânio assistiu uns 4 filmes e nada de dormir. Chegamos em Lisboa quase na hora do embarque pra Paris, passaporte carimbado e estamos na Europa. O voo pra Paris foi muito agradável e com um almoço bem gostoso, 2 horas de viagem e estamos em terras francesas.
Pegar a bagagem foi a parte que me deixou com mais medo, já que na minha mala tinham coisas que talvez pudessem implicar como doce, azeite  de dendê e meu instrumental odontológico, além da minha caixa de medicamentos. Mas felizmente foram aparecendo uma por uma e para aumentar a emoção a mala que continha todas essas coisas foi a última a aparecer. Fomos recebidos por um cearense bem gente boa que mora aqui a uns 3 anos, que nos ajudou em todo o processo de instalação. Chegamos no studio, quase do tamanho de uma caixa de fósforo , mas com tudo que a gente precisa, cozinha equipada, cama , banheiro e aquecedor. O clima pareceu querer nos receber da melhor forma, com 12 graus, só precisei usar um casaco e pronto, já Jânio nem isso. Saímos pra comprar algo pra comer (pain, jambon, vin et fromage). o vinho pra brindar a chegada em terras francesas. Cheguei muito cansada e dormi logo cedo, só hoje começa meu reconhecimento de terreno, por enquanto estou debaixo das cobertas, mas já já saio para encarar os 3 graus lá de fora.

sábado, 19 de novembro de 2011

Antes de ir


Últimos dias de muita correria, mas muito recompensador. Todos os dias cheios de boas surpresas. Minha família que mesmo com o coração apertadinho estão do meu lado pra tudo, romper o cordão umbilical  não vai ser muito fácil. Meus queridos amigos, uma coisa que sei escolher muito bem, que fizeram esses últimos dias muito especiais, agradeço os abraços, surpresas e presentes. E agora depois de tudo resolvido  (algumas coisas com bastante emoção), seguro de saúde,malas arrumadas, encomendas compradas (farinha de tapioca, doce de caju, azeite de dendê entre outros). Agora só me resta preparar o coração pro embarque amanhã. Agradeço muito todas as mensagens de carinho e as boas energias que me mandam. E quero receber muitas visitas.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Arrumando as malas

Dia 20 de Novembro de 2011, domingo às 14:42.  Partida com data e hora. E agora tenho que começar a fazer o que eu tanto adiei: arrumar as malas. Antes eu pensava em escrever um post sobre o desafio de se mudar com 32 kg , mas com a descoberta que posso levar o dobro disso, e somando com a bagagem de  Jânio, um total de 128 kg, as coisas ficaram bem mais simples.
Mas o desafio de arrumar as malas permanece, levar tudo que eu preciso e saber o que eu vou precisar ou não, entre livros, materiais, roupas , objetos. Quais deles vão ser úteis lá? os conselhos são de levar pouca coisa, mas como?  Esse é o desafio que estou enfrentando nesse momento. Mala aberta em cima da cama e a duvida do que precisa ser levado ou não.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

"Até logo"


Após algum tempo fui me acostumando com as despedidas. Depois de namorar a distância por mais de dois anos ,cheios de idas e vindas aéreas, e os amigos que foram indo aos poucos,  fui entendendo a lógica da coisa. No começo , os primeiros que foram parecia uma despedida eterna de tão dolorida,  mas com o tempo fui vendo que depois da despedida sempre existia a volta, às vezes demoradas, ou não. Aprendi também que matar a saudade é bom demais e os "adeus" passaram a ser um "até logo".
Nunca soube dizer pra quem era mais difícil: se para quem ficava, que voltava a sua rotina com o vazio da pessoa que se foi, mas ainda continuava no seu cômodo e conhecido mundo rodeado das pessoas que gosta e conhece. Ou para quem vai, que vai se deparar com tantas novidades e novos desafios que podem ocupar a sua cabeça por um tempo, mas que com tão pouca coisa na bagagem o vazio podia ser inevitável.
Agora, de fato, ela volta a ser muito dolorida, pois é a primeira vez que me encontro do outro lado da moeda e deixo de ser "quem fica"  e  mal sei o que me espera. A falta de data de partida fez com que essas despedidas demorassem a acontecer, mas ela começou lá em Brasília com um abraço bem apertado, cheio de lágrimas e quase sem palavras. Agora  com a possibilidade de tudo acontecer em uma semana e pensar que talvez não consiga ver todos que eu quero deixa tudo mais difícil, talvez seja até bom pra que a despedida seja menos dolorida.  E, com essa possibilidade, espero que a semana seja cheia de encontros e espero ganhar um abraço de todos que me querem bem. E se a ida se prolongar mais... quanto mais encontros e abraços melhor.



domingo, 30 de outubro de 2011

Avistado


Quase tudo pronto para a viagem... finalmente o visto chegou (com um pouco de atraso como toda boa burocracia), agora é só esperar a CAPES implementar a bolsa para poder viajar. Nesse meio tempo precisamos confirmar onde vamos morar, fazer o seguro obrigatório e preparar para a próxima etapa da burocracia, quando chegar lá (obter a carte de séjour, matrícula definitiva na universidade, contrato de aluguel, abrir conta em banco, e comprovar tudo isso pra CAPES).

Obter os vistos foi uma etapa puramente burocrática, porque quando chegar lá vamos precisar apresentar os mesmos documentos de novo (e mais alguns) para validar eles. Ele só foi útil mesmo para fazer uma ótima viagem à Brasíla e conhecer M. Lucien Gaujac, o cônsul honorário da França em Aracaju, que além de ser gente boa nos deu algumas dicas legais do que fazer/procurar quando chegar lá.

As dicas ficam para o próximo post, por enquanto, vamos comemorar a chegada do visto!


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pedido de Visto


Passaporte, fotos 3x4,copia identidade, Convention d'accueil carimbada pela instituição e pela prefeitura francesa, Comprovante de rendimentos, Copia do último diploma, Certidão de Casamento. Parece  uma lista simples, mas para juntar todos esses documentos foi um processo demorado. Começando pela comprovação de rendimentos, isso se resume , nesse caso, a carta da Capes cedendo a bolsa, pra obter esse papel simples foi necessário todo um processo de seleção, entrevistas, documentos franceses  e espera... muita espera. Já a Convention d'accueil se trata de um documento que foi enviado pela universidade francesa, que de certo modo é uma "carta de acolhimento". Fora o certificado de mestrado que ainda estava na Unicamp , passaporte e certidão de casamento que foram providenciados as pressas.
Depois de passarmos por essa maratona burocrática, nos encontramos agora nos últimos metros. Após providenciar cuidadosamente todos os documentos e esperar pacientemente os que alguma forma dependiam de alguma instituição ou da boa vontade pessoa pouco acessível, fizemos o pedido do visto nessa última segunda-feira.
Lá fomos nós para Brasília , todos os residentes do norte e nordeste devem fazer o pedido de visto pra França lá, chegamos lá na embaixada , preenchemos os formulários, entregamos os documentos, foram tirada fotos e colhidas as digitais e pronto, tudo resolvido em menos de meia hora. Felizmente os 5 dias em Brasília, mesmo o motivo ter sido só essa entrevista, foram muito bem aproveitamos. Como diz o ditado "quem tem amigos, não morre pagão", fomos muito bem acolhidos, e conhecemos lugares fantásticos.
E a pergunta que não quer calar... e agora, tudo certo? viajam quando? Agora é esperar novamente, esperar o visto chegar (previsão de 10 dias), depois escanear e mandar pra Capes e após eles implementam a bolsa, já que se sairmos do país sem a implementação da bolsa, o direito da bolsa é perdido.
Estamos quase lá, e como costumo falar, estamos mais perto do que longe, nos metros finais.  

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Aprendendo francês


Sem dúvida , como já disse no primeiro post, a maior dificuldade em todas essas mudanças vai ser aprender uma língua nova. Língua essa que eu nunca tive contato nenhum, nem curiosidade na verdade. Fora o tempo de aprendizado bem reduzido, já que fui adiando devido a todo o transtorno que a monografia e o fim da faculdade traz.
O francês tem toda uma sonoridade e biquinhos que faz com que seja uma língua de certa forma requintada , cheia de regras de etiqueta, onde só se usa a segunda pessoa do singular (tu) em casos de grande intimidade, melhor tratar por "Vous" pra que não se sintam invadidos. E o fato dele ser de origem latina , assim como o português, com todo seu pretérito do presente ou futuro-mais-que-perfeito, essa complicação junto com seus verbos auxiliares completamente irregulares. Absorver vocabulário de uma língua nunca antes escutada, quando escutada completamente ignorada é um tanto complicado mesmo.
Mas não estou desanimada junto as dificuldades, só não tenho dúvidas de que tudo que tentarei aprender antes de ir vai servir pra eu chegar lá e saber que, como diria o grade filósofo Sócrates, "Só sei que nada sei". Pelo menos as lições são realmente direcionadas a sobrevivência, como ir a padaria, queijaria, doceria , restaurante , supermercado, metrô, comprar roupas, calçados e assim vai. Com certeza a teoria vai ser completamente diferente da pratica, mas tomara que ajude. Só faltam 6 aulas pra acabar e sabendo que eu precisaria de mais uns 2 anos pra tentar falar pelo menos "não muito mal", não que o professor seja ruim, pelo contrário, ele é ótimo e além de passar o aprendizado da língua, também divide um pouco da sua experiencia por terras francesas, o que une a teoria a pratica. Mas 32 horas não são suficiente , nem pro mais superdotado, aprender realmente uma língua  tão complexa e cheia de peculiaridades. E eu? com minha reles inteligência medíocre ( de mediana mesmo ) tentando absorver o máximo possível, só que as vezes bate uma sensação de frustração, mas felizmente passa e sei que serei ousada o suficiente pra colocar o que eu aprendi ou deixei de aprender em prática. E começarei do começo da maioria dos livros de francês: "Je voudrais un croissant, s'il vous plaît"


                                                                  

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Bureaucratie

"Vou Estudar na França"

Não pensava que uma frase tão simples fosse demorar tanto tempo pra ser dita...

Hoje faz um ano que eu decidi me inscrever para uma bolsa de doutorado no exterior pela CAPES, depois de enviar mais documentos do que eu sabia que tinha, conseguir cartas de recomendação e (felizmente isso eu já tinha) um orientador, pensava que a complicação tinha acabado. Engano meu, em Abril recebi um aviso de que meu pedido tinha sido aprovado (na primeira etapa do processo) e que eu precisava mandar vários outros documentos e comparecer a Brasília para uma entrevista. Muito a contragosto, fui à Brasília passar uma semana (mais uma vez dei sorte, um amigo tinha se mudado para lá e não precisei gastar com hotel) porque a CAPES só informou que minha entrevista seria em algum momento entre as 8h da terça e as 18h da quinta (o horário específico só foi informado na terça de manhã). Entrevista tranquila, acho que só serve para fazer alguns desistirem (ir à Brasília sai caro para quem mora no Nordeste, e eu estou pedindo a bolsa porque não tenho dinheiro). Mais uns meses de espera e finalmente em Junho soube que fui aprovado. Agora é esperar chegar a carta de concessão chegar para dar entrada no visto, mais um mês de espera e... a carta de concessão veio com o nome errado, mais 20 dias de espera e estamos em Agosto. Agora eu tenho 2 meses para conseguir o visto, porque se não estiver na França até o fim de Novembro minha bolsa será cancelada (porque ela faz parte do orçamento de 2011). Ah, faltam mais uns 5 documentos para enviar à CAPES (incluindo uma carta da universidade francesa, que precisei pedir 3 vezes, atrapalhando as férias da minha orientadora, porque cada vez havia algo errado.)

A burocracia brasileira é ruim, e a Bureaucratie não fica atrás. Nesta reta final, com mais contato com a França, descobri que eles gostam mesmo dessa coisa, tanto quanto a gente (a grande vantagem é que os funcionários são mais eficientes e prestativos, pelo menos os que eu tive contato). Agora falta 1 mês para a viagem, mas ela ainda não tem data, porque oficialmente eu ainda não tenho bolsa (tenho que voltar mais uma vez em Brasília para tirar o visto).

Vi um dia desses um pronunciamento da nossa presidente afirmando que o país tá uma maravilha, principalmente a educação. Dizia também que estava incentivando a ida de brasileiros para estudar no exterior...

Só consegui pensar que estou indo para a França porque não fui chamado no concurso para professor efetivo que passei, e que a CAPES foi bem clara quando disse que a ordem do governo era reduzir o número de bolsas. Esperar o que de um país que faz uma propaganda sobre o ensino superior e não consegue acertar o plural de campus (campi)?

Sei que depois de esperar um ano, gastar quase 2 mil reais e quase desistir várias vezes por causa do stress desse processo, eu ainda não posso dizer:
"Vou Estudar na França"

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Saudade

"Porque metade de mim é partida. Mas a outra metade é saudade."
Metade - Oswaldo Montenegro


E de uma hora pra outra as coisas começam a caminhar, visto marcado, papelada  resolvida (ou quase) claro que essa greve do correio não ajudou muito, ainda falta achar onde morar e comprar um monte de coisa, pequenas e grandes.
No meio da ansiedade, alegria e medo, um sentimento começa a se destacar entre os outros : A Saudade.
Fui atrás da tradução desse sentimento no francês, sei que essa palavra é só nossa e não existe tradução em nenhuma língua. O google me sugeriu "nostalgie" , já o dicionário me deu "vague à l´âme " que equivale a "onda na alma" ou "melancolia", óbvio que nada disso descreve, pode ser isso tudo junto e muitas outras coisas.
Não sei se a ideia de aproveitar as coisas como se fosse a última me parece uma boa coisa, pensar que pode ser a última não nos deixa aproveitar da melhor forma e sim de uma forma um tanto melancólica (vague à l´âme). Ai que drama ... só são 3 anos!. Mas tenho certeza que nessa fase que estou perderei algumas coisas, como casamentos, nascimentos e não estarei presente em algumas reuniões de amigos,  no aniversário de 98 anos da minha vó,  quando meus irmãos precisarem de colo, ver meus pequenos crescerem e ai vai...
Mas repetindo  "são só 3 anos" e sei que nesse tempo vou ter um monte de coisa pra conhecer, aprender e me melhorar. E fora isso ainda estou aqui, falta um pouco mais de 1 mês "ainda" e ainda terei várias coisas pra ter saudade. Falar de saudade agora parece um pouco precipitado, mas foi o sentimento de predominância dessa semana. Sentir saudade do que ainda não aconteceu parece um pouco incoerente, mas é isso que estou sentindo.
E dá uma vontade de levar meus amigos e família querida na mala!

sábado, 10 de setembro de 2011

Primeiros passos

Como tinha prometido pra alguns amigos meus, esse blog terá o intuito de dividir novidades e dificuldades dessa minha nova jornada. (Certo que não é nenhuma ideia inovadora, tem milhões de blogs desse tipo). Daqui a 2 meses estarei morando na França, em Evry pra ser mais exata. Meu "marido" (entre aspas pq ainda não me acostumei com a ideia) passou no doutorado e eu aceitei o desafio de iniciarmos nossa vida a dois por lá. Tivemos que fazer a união as pressas para que isso fosse possível, já que os planos era nos casarmos ano que vem.
O título do blog já diz tudo "Eu não sei falar francês" e sem dúvida essa será minha maior dificuldade, tô aprendendo o máximo que posso antes de ir, sites, músicas e tudo que tiver em francês. Além de poucas horas com um professor, na primeira aula ele perguntou qual era o nosso objetivo e sem pensar respondi : "sobreviver".

Mesmo faltando tão pouco tempo falta uma infinidade de coisas pra resolver:
- Achar onde morar (essa tá dando muito trabalho)
-Tirar o visto (Antes disso ainda tem toda uma papelada envolvendo Capes, Campus France e a faculdade de lá)
-Traduzir documentos (pra ajudar Aracaju não tem tradutor juramentado, e pra fazer em Recife ou Salvador tenho que mandar as originais pelo correio, no meu ver é arriscado demais. Pra que inventaram as cópias autenticadas?)
-Compras (mala, roupas e tudo que você precisa quando vai se mudar e só pode levar 33 kg)
-Casacos (Já que chegarei lá na pior fase do inverno e inverno pra mim é 20 graus).

Então, espero que tudo dê certo e dê tempo!